Resumo: Até onde sabemos, Henry Ford morreu rico sem, no entanto, demonstrar grande preocupação com as relações entre os seus funcionários nas linhas de produção. Será mesmo possível que um bom ambiente de trabalho gerado a partir de boas relações interpessoais podem de fato influenciar o desempenho econômico das empresas?
Alexandre Gracioso, vice-presidente acadêmico da ESPM, em 2001, comandou um estudo comparativo entre as 500 Empresas Maiores e Melhores e as 100 Melhores Empresas para se Trabalhar e verificou que aquelas que figuravam nas duas listas apresentavam em média um retorno sobre patrimônio 4 vezes maior do que aquelas que estavam apenas na lista das 500 Maiores.
Parece que algo mudou desde a época de Henry Ford.
Mas como as relações, e consequentemente os resultados de uma organização, podem ser influenciados pelas habilidades relacionais das pessoas?
Segundo a Análise Transacional (AT), todos nós temos formas de pensar, sentir e agir como se fossem vozes internas. Essas vozes internas se manifestam de acordo com uma determinada estrutura e tem uma determinada função na comunicação entre as pessoas e recebem os nomes de Pai, Adulto e Criança.
O Pai se manifesta nos julgamentos, controles, na moral, ética, nas tradições e nos costumes. Já o Adulto se manifesta por meio da busca por dados e fatos, assertividade, análise e pensamento lógico. E é por meio da Criança que manifestamos nossa criatividade, espontaneidade, sentimentos, gosto por desafiar ou retrair-se. Sempre que nos relacionamos com os outros, o fazemos por meio do Pai, do Adulto e da Criança.
Vamos dar um exemplo:
O Sr. João, gerente de Pedro, acaba de pedir que os relatórios semanais sejam feitos em um novo formato. Vamos ver como o Pai, o Adulto e Criança de Pedro responderiam a essa solicitação:
PAI: Pra que mudar o formato do relatório se o atual funciona tão bem? Estão sempre inventando moda!
ADULTO: É importante eu procurar quem possa me ensinar a gerar o relatório nesse novo formato.
CRIANÇA: Não importa o que eu faça, sei que o Sr. João vai odiar meu relatório.
Em qualquer uma das situações, o relatório poderá ser entregue como solicitado pelo Sr. João. No entanto, é fácil perceber que o gasto de energia será maior ou menor dependendo da forma de pensar, sentir e agir que estiver presente em Pedro.
Um gestor que tiver maior consciência sobre a maneira como as pessoas respondem aos estímulos que recebem, terá maior sucesso em obter o mesmo relatório com a maior eficiência possível.
Para o Pai ele poderia acompanhar a solicitação evidenciando a contribuição do novo formato para a Gerência. Para o Adulto, ele poderia dispor de algum tempo para mostrar como gerar o novo relatório. E para a Criança, ele poderia aumentar as doses de reconhecimento para que ela compreenda que o que não estava bom era o relatório, e não a pessoa que o gera.
Esse é só um pequeno exemplo de como a AT pode contribuir com a produtividade nas empresas por meio da melhora nas relações.
Acredite, existe uma lógica no comportamento humano e a AT pode ser um caminho para desmistificar a complexidade e subjetividade que julgamos ser de domínio exclusivo de psicólogos, psiquiatras e pesquisadores. Todos podem exercitar formas produtivas e assertivas de se relacionar, para alcançar a autonomia e ser mais produtivo para as organizações das quais fazem parte.
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